segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Poligamia cultural: não apóio!



   Passei 6 semanas em Moçambique, um país onde a poligamia é culturalmente natural, mas onde, ao mesmo tempo, uma minoria vêm buscando conscientizar essa sociedade do crime que estão cometendo (literalmente, pois a lei proíbe essa prática). Essa minoria procura mostrar que, como diz o cartaz, a poligamia é de fato um atentado aos direitos humanos, mais especificamente aos humanos do sexo feminino, já que todos os argumentos utilizados para respaldar a prática e manter a tradição tipicamente Africana satisfazem apenas aos interesses dos indivíduos do sexo oposto. Como valores culturais são extremamente difíceis de serem invertidos, acredito que a educação será a solução do problema, já que cabe às futuras gerações - cuja se espera que sejam mais instruídas e estudem mais que a atual - aceitar a monogamia como novo valor fundamental à ser respeitado, praticar e transmitir isso à seus filhos, que vão transmitir pros próximos, e assim sucessivamente.
   Aceito muito bem a maioria das diferenças culturais, entretanto no momento em que o que se acredita, ultrapassa o limite dos direitos do próximo, ou põe a sociedade em risco de alguma maneira, retiro imediatamente meu apoio. Sem querer polemizar nada, muito menos afirmar algo que não estudei e não tenho fontes ou dados precisos para comprovar minha tese, vou apenas fazer um questionamento: por que os índices de doenças sexualmente transmissíveis não param de aumentar no país em questão, se não por falta de informação à população? Nós, brasileiros que estudamos, de forma geral, crescemos ouvindo a tia da 3ª série explicar sobre tais doenças, o que são e como se transmite, com direito a fotos desagradáveis - porém necessárias - e tudo mais. Eles cresceram na luta pela sobrevivência, por ter o que comer, e com uma tradição machista transmitida por gerações, onde nunca houve uma ideia diferente, que lhes fizesse pensar: "mas por que tem que ser assim?"
   Meu povo Moçambicano que tão bem me recebeu (ok, a maior parte dele): vocês, a nova geração, estão no caminho certo! Mulheres: não tem que ser assim! Vocês têm exatamente os mesmos diretos que seus maridos. Acho fantástico vê-las carregando tanta coisa na cabeça com a maior naturalidade, muitas vezes com um bebê nas costas, amarrado por uma capulana colorida, mas quando possível, faça-os ajudá-las com os baldes! Continuem carregando os bebês, mas por favor, parem de carregar tanta humilhação nas costas.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Brincando de piloto

    

    Tenho mania de, mesmo sem habilitação, querer dar uma de piloto e sair viajando por aí. E olha que às vezes viajo pra longe! Não em distância, mas em tempo. Vou lá no futuro e volto. Adoraria contar as novas tecnologias que teremos no futuro, se a água vai mesmo acabar, o que acontecerá em 2012 e se ele vai te pedir em casamento, mas eu não posso, porque não há nada no futuro. Nessas viagens vejo apenas um enorme vazio, páginas em branco, e desconfio que é porque elas estão sendo escritas nesse exato momento, com uma miscelânea de letras que deixaria qualquer professora de caligrafia (isso existe?) louca!
    Mas mesmo não havendo nada por lá, vou contar como minhas viagens funcionam. Ah, só um alerta: provavelmente vou embarcar novamente e as descrições aqui narradas correm o risco de ficarem muito confusas, pois meu pensamento - está comprovado - é o meio de transporte mais rápido da região carbonífera. Bom, vamos lá. Eu começo essas viagens caminhando mais devagar: vou até amanhã, planejo meu dia com base no que sei que supostamente preciso fazer, então lembro que semana que vem tem feriado, e na próxima tenho um relatório pra entregar, e depois tem outro feriado, desta vez com ão no final: espera aí, então tenho que reservar a pousada de Garopaba (ufa, sair da "rotina"!) mas quando voltar tenho dois trabalhos para apresentar, e na outra semana tem consulta no ortopedista, e já é Dezembro, provas de final de semestre, Natal, Ano Novo, nas férias vou estudar espanhol, semestre novo, professores novos, projetos novos, nas férias de Junho vou me candidatar à uma bolsa de estudos em Barcelona, no 2º semestre vou pra Europa, no verão volto pro Brasil, em 2013 vou fazer estágio e guardar dinheiro, em 2014 fazer estágio e comprar um carro, em 2015 me formo e.... PÁRA TUDO! Volta pra cá, menina. Estais em Outubro de 2011, em Criciúma, sul de Santa Catarina, deitada na cama dos teus pais planejando o que tu vai fazer em 2015? Sério, vai dormir e amanhã agente se vê. Amanhã, ok? Mas não me pergunte onde nem que horas, porque isso ninguém sabe.
    Sonhar não é crime, pelo contrário, tudo começa por lá. O problema está em fazer dos planos uma obrigação, e se culpar caso algo não saia exatamente como o roteiro dizia. Aceitar os novos caminhos que a vida aponta é um grande passo para pilotar a vida com as próprias mãos - sem correr o risco de deixá-la fazer toda a viagem apenas no piloto automático. 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Conhecimento Mutante


Não leve tão a sério tudo o que eu escrevo por aqui, porque nem eu levo. Criei esse blog em 2007, e pode ter certeza que se eu mesma for reler os posts daquela época, não vou concordar com metade do que disse. É, porque nós somos assim mesmo: vamos lendo mais, vivendo mais, passando por novas experiências, ouvindo novas histórias, e aquilo que ontem era verdade absoluta, hoje não faz mais o menor sentido. Assim somos nós, como indivíduo, e como sociedade. Ontem a Terra era quadrada, celular servia apenas para telefonar e jogar Snake, homossexualismo era doença, e AIDS era outra doença que só os homossexuais contraíam. Talvez amanhã a Terra seja mesmo oca, teu celular te sirva uma cerveja estupidamente gelada no final do expediente de sexta, e a AIDS tenha vacina e cura, vai saber! Eu sei é do hoje. Sei que ontem eu amei, e hoje tenho um forte carinho e amizade. Sei que hoje não acredito em nenhum Deus, mas espíritos me parecem mais relevantes - assim como a existência de vida inteligente em outros planetas. Hoje células tronco parecem ser a esperança de muita gente, assim como o novo presidente do meu time. Mas isso é hoje... Amanhã, já não sei. 

sábado, 15 de outubro de 2011

15 de Outubro - Dia do Professor

   
   Devo meu presente e meu futuro à eles. Devo parte da minha personalidade e dos meus conhecimentos. Alguns valores, ideias, histórias. A geometria, a geografia, a gramática. O estímulo para a redação, veio deles. O estímulo para a Psicologia, deles. Se consegui fazer o Check In em inglês, é graças à eles. Se posso ver um gráfico e entender a lógica da estatística que está por trás disso, devo à eles - principalmente à minha vózinha, minha fiel e melhor professora de Matemática! Agradeço às tias Marilda, Fátima, Cristina e Gislene. Muito obrigada aos professores do final do fundamental, que foram de extrema importância nos caminhos que tomei na temida fase chamada de Adolescência. Obrigadissíssimo à Marlene, Roslene, Silvinha, Magali, ao Willi, Vilmar, Tassi, Agenor, Cláudio, que mudaram a minha vida em 3 anos de ensino médio/técnico no CMG. Já no ensino superior, agredeço aos meus atuais mestres Carlos e Júlia, que me fazem filosofar e refletir sobre a nossa sociedade. À Yara, Denise e Janine, pelos imensos conhecimentos sobre Psicologia. Enfim, só tenho a agradecer e principalmente - não só hoje, mas todos os dias - parabenizá-los por acreditarem em mim e se dedicarem tanto pro meu crescimento pessoal e profissional. PROFESSORES, vocês são meus HERÓIS!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Tchau não, até amanhã!

   

   Esse clima de desenhos no FB faz todo mundo entrar num sentimento coletivo de nostalgia, né? Eu por exemplo, comecei a lembrar de tantos desenhos e programas que foram de grande significado para a minha infância, que foi difícil escolher um só. Teve o caso que eu tava internada e pedi pro pediatra me liberar, porque não tinha TV no quarto e eu morreria se perdesse Chiquititas. E a fase que eu achava que poderia quebrar o vidro e entrar na TV, e pronto: estaria no orfanato ou no Castelo-Rá-Tim-Bum. Que fase! Papai-noel não existe? F*$%-se! Decepção mesmo foi completar 10 anos e não poder sair para pegar Pokémons! Sonho de consumo:  laboratório do Dexter, mas anexo ao quarto da Deedee. Trilha sonora: Sandy e Júnior, lógico! Na casa da vó, tínhamos nosso próprio clubinho Cruj. Mãe servia pra cuidar do Tamaguchi enquanto eu ia pra escola, e ai dela se algo acontecesse com o bichinho! Doug Funnie e Paty Maionese eram o casal mais romântico do mundo todinho-inho-inho! "Paty, você é a minha maionese!" Own, o que mais uma mulher poderia querer? A escada mais divertida era a dos Bananas de pijamas, você não acha B1? Acho sim, B2! Na escola o que a professora falava era lei, e o penal só tinha caneta de 4 cores e tazos. Se esconder das faxineiras do colégio no intervalo era o que de mais radical poderia haver, e na cantina o troco era todo em balas.
   Hoje somos crianças com responsabilidades a mais e um pouco mais de experiência de vida, só isso. Ainda gostamos dos mesmos doces, sorrimos com os mesmos desenhos e temos a mesma essência. Não fazemos questionários em cadernos cheios de adesivos, mas criamos uma conta no Formspring. Além disso, ainda gostamos de joguinhos (e não é só de Stop e Banco Imobiliário que eu estou falando). Uns amadurecem mais, outros menos. E que fique claro que maturidade não tem nada haver com seriedade, ok? O que mais tem por aí é marmanjo com pinta de adulto sério, e que no fundo é mais criança que meu priminho.
   O fato é que no fundo agente nunca diz tchau pra infância, no máximo "até amanhã".

domingo, 9 de outubro de 2011

Seu armário, sua personalidade


   Brinquei no face que ontem foi dia de arrumação de armário 2011/2 - Summer Edition, já que em maio foi a primeira arrumação do ano, preparando o armário pro inverno.
   Minha mãe sempre soube da importância de manter um armário arrumado, pois desde que aprendi a palavra "tédio" sou ameaçada com a frase "ah, não tem nada pra fazer? vou te botar arrumar armário!" porém acreditava que fosse frescura de adultos, ou da minha mãe, mais especificamente... Só fui entender a real importância da sua organização quando fiz o curso de Consultoria de Moda, ano passado.
   O poder de tirar uma tarde para arrumar o armário é tão grande, que por mais que a sua vida não seja milimetricamente perfeita, depois de uma boa limpa não só no armário, mas no quarto em geral, metade dos nossos problemas parecem se resolver. É sério! Final de semana passado não fiz nada além de ver filmes. É bom, uma vez ou outra, mas se tivesse feito nesse novamente teria me sentido a pessoa mais inútil do mundo.       
   Ontem passei a tarde empacotando casacos, redobrando blusas, separando shorts e saias, tirando peças para doar, enfim, reorganizando minha vida. Não que a minha vida se resuma a roupas e sapatos, mas veja bem: hoje acordei cedo, tomei vitamina de abacate e comi pão integral, caminhei aproximadamente 4km (sou iniciante nessa coisa de esportes, então é bastante, ok?), fiz abdominais, peguei sol, fiz as unhas e fui num aniversário de criança. Provavelmente se ontem tivesse trocado meu armário pelo sofá e os filmes, hoje teria acordado às 10h, tomado leite com achocolatado, comido pão doce e ficado de pijama assistindo mais filmes até as 15h, quando finalmente trocaria de roupa pra ir no tal aniversário. Nenhum crime até então, a não ser contra minha auto-estima.
   Aliás, arrumar armário é tão bom que podemos encontrar um vestido que há tempos não usávamos, e por isso até pensamos em doá-lo, mas espera aí: acho que ele vai ficar ótimo com esse cardigã novo... Como não havia pensado nisso antes?! E então você se depara com aquela blusa que já te fez tão feliz, mas estava escondidinha em meio àquela bagunça, que você pensava estar organizada.
   Mas se você prefere o sofá e os filmes, e a sua bagunça "organizada", não se preocupe: não são todas que conseguem melhorar de vida! ;)

Obs.: Não estou falando das que não sabem arrumar armário, pois para isso existem as consultoras (oiii!), mas sim das que reclamam de tudo e não fazem nada para melhorar, sabe? Chamam por aí de "comodismo"... 

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Suicídio - Émile Durkhein

Émile Durkhein em momento reflexivo

   Durkhein já começa a ganhar pontos comigo por usar dados científicos e quantitativos, baseados em pesquisas (muitas vezes feitas por ele próprio) para elaborar sua teoria que poderia ter apenas caráter qualitativo - mas talvez não o mesmo valor. 

   Pontua novamente por nascer em família tradicional judaica, sofrer fortes influências de um padre católico, e virar ateu. 

   Mas o que vale ressaltar é importância desse estudo para a atualidade.
Hoje o suicídio tem motivos específicos, certo? "Ela pediu divórcio", "Fiz por devoção à minha pátria", "O mundo vai acabar", enfim, cada suicida tem suas próprias "desculpas" para optar partir desta para uma melhor (?), e para nós, hoje isso é bastante natural. Não o ato suicida, mas saber que existem motivos e tudo mais.

   Mas antes da teoria funcionalista de Durkhein, esse pensamento não existia. O fenômeno era encarado como individual, e só. Não se tinha ideia de quais grupos de pessoas estavam mais vulneráveis, quais eram os principais motivos e qual a grande diferença entre esses motivos, devidamente estudados e nomeados por Durkhein posteriormente.

   Reza a lenda que nosso querido E. D. iniciou tais estudos após o suicídio de um amigo próximo, e por isso nomeou o 1º tipo de suicídio egoísta, pois foi assim que ele encarou a atitude do amigão. O suicida egoísta possui vínculos tão fracos com a sociedade, que para ele a morte vem a ser o fim do sofrimento que essa solidão causa. É o caso dos divorciados, comprovados quantitativamente (olha a importâcia de pesquisas com números!) que o número de suicídios é maior entre eles e os solteiros, do que entre os casados e com filhos.

   Porém o oposto também ocorre: indivíduos extremamente ligados à sociedade cometem suicídio para o benefício desta, ou quando se sentem oprimidos por ela. Estes Émile chamou de suicidas altruístas.
   Na época exemplificou com os Kamikazes da 2ª Guerra Mundial e a prática do Sati, na cultura Hindu. Podemos sugerir como exemplos contemporâneos os Homens-Bomba, o atentado do 11 de setembro e o suicídio coletivo de Jonestown. O último, principalmente, me causou fortes enjôos durante minha pesquisa.

Suicídio coletivo de Jonestown


Atentado Kamikaze


"Desnecessita" legenda

   E por último, mas não menos importante, temos o suicídio Anômico, observado principalmente quando a sociedade enfrenta algum tipo de desordem, seja política, econômica ou social, ou ainda quando o indivíduo não aceita as normas propostas pela sociedade atual, e antecipa sua partida para o além procurando fugir dessa realidade ou mesmo protestar contra ela, como no caso dos monges budistas que atearam fogo no próprio corpo em protesto contra a política de perseguição religiosa da época.
   Porém o exemplo visível (e novamente numérico) desse tipo de suicídio é no aumento considerável de suicídios durante grandes crises econômicas, onde ricos ficam pobres da noite pro dia, e com medo de comer miojo por uma semana sequer, fogem enquanto podem. 

Monge budista em protesto silêncioso (mas fedorendo, narraram os presentes)

   Foi devido à essa fantástica classificação, que parece bastante compreensível hoje, mas que pra época foi uma enorme revolução de conceitos, que a Psicologia e as demais ciências de apoio psíquico ao homem puderam elaborar tratamentos e intervenções eficazes para a prevenção do suicídio. Prevenção parece coisa de doença física, né? Mas não achei outra palavra..

   Só lembrando que nunca havia escrito nada aqui de caráter acadêmico. Geralmente são pensamentos meus sobre coisas que vivo, leio, ouço, vejo, enfim. Mas recentemente fiz um trabalho simples para a faculdade sobre a obra do Suicídio, de Émile Durkhein, e nas minhas pesquisas achei coisas interessantes que gostaria de compartilhar. Sequer li a obra original. Tudo o que disse são conclusões superficiais, baseadas em resumos superficiais, que peguei na internet, não tão superficial assim.